Regalos de Natal

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Um Il Barbiere di Siviglia protagonizado pela mítica soprano de coloratura, Lily Pons, que se arrisca ao interpretar um papel criado para mezzos de coloratura. Temos aqui também um Conde Almaviva interpretado pelo tenor, Giuseppe Di Stefano, no inicio de sua brilhante carreira.

Adquiri também a legendária Lucia Di Lammermoor de Herbert Von Karajan com Maria Callas no papel principal. Já havia ouvido a esta gravação antes, e a resenhei aqui como parte do especial. Falando no especial, comprei também mais uma Lucia de referencia, a da Renata Scotto com Francesco Molinari-Pradelli na batuta.

Desde já incluo, Renata Scotto, no especial.

Lucia Di Lammermoor: Herbert Von Karajan, Berlin (1955)

Posted by Rubens

Ouvi a algum tempo atrás a minha cantora de eleição, Maria Callas, interpretando um de seus papeis de excepção junto de seu fiel parceiro, o Di Stefano.

A gravação foi realizada ao vivo na cidade de Berlin sob a batuta do genial maestro, Herbert Von Karajan, que contou com a ajuda do coro do Teatro alla Scala de Milão.

A gravação ao vivo é um dos maiores defeitos dessa gravação, pois nesse dia uma senhora estava brincando de quem tossia mais alto a fim de se sobrepor ao som da orquestra e dos cantores. Isso somado a outros barulhos tiram um pouco do brilho do CD, mas não chegam a atrapalhar sua audição.

Outro defeito, é o corte de cenas, que constam no libretto da ópera, e que estavam incluídas na gravação da Netrebko, que foi resenhada a algum tempo. O corte do dueto de Lucia com o Capelão, da discussão de Edgardo com Enrico no 3º ato antes da Mad Scene, e também de uma parte que antecede a ária "Spargi D'Amaro Pianto" é uma baixa na qualidade da gravação.

Nicola Zaccaria foi profundamente prejudicado nessa gravação, pois seu dueto com a Lucia no 2º ato da ópera foi cortado, e esse é um dos pontos altos do personagem Raimondo. Se destacou em outras passagens como na ária que antecede a entrada da Mad Scene, com uma voz firme e segura, não desapontou.

Rolando Panerai é desde já um dos meus "Enricos" de eleição, a voz é de invulgar potência com agudos e graves soberbos, timbre pesado e escuro que realça a maldade do personagem e uma interpretação sublime.

Giuseppe Di Stefano é o maior Edgardo da história, desde que se começaram a gravar óperas em discos, tendo como seu maior triunfo a prestação a Edgardo em 1953. Aqui em 1955 continua interpretando um Edgardo de outro nível, aliando um timbre e fraseado de suprema elegância, com uma interpretação de outro nível, o que pode ser percebido nas árias finais de Edgardo, que culminam em um "Tu Che A Dio Spiegasti L'ali" emocionante.

O tenor triunfa em todas as linhas, compondo um Edgardo dificílimo de ser ladeado. O registro agudo e central são totalmente dominados, o lirismo e sofrimento na interpretação podem ser sentidos a cada palavra, e um dos maiores momentos da ópera é seu dueto com Lucia no primeiro ato, onde seu talento se soma ao de "La Divina".

Maria Callas interpreta aqui uma de sua melhores "Lucias" de acordo com os aficionados do estilo. Callas foi responsável por dar uma nova vida ao Belcanto italiano, restaurando óperas que foram esquecidas, sendo Lucia Di Lammermoor uma dessas óperas ressuscitadas pela diva grega. .

Em quesito de interpretação, Maria Callas, é imbatível! lendo com perfeição tanto a parte lírica quanto a Spinto da personagem, sobrando ainda espaço para ler as passagens de coloratura da personagem com algum sucesso. A cor da voz muda com uma extrema agilidade, revelando a total habilidade da soprano na interpretação.

Na Mad Scene, Callas nos brinda com uma das melhores Lucias em quesito de drama, já a coloratura não é tão mágica. Os agudos são estratosféricos, porém revelam alguma acidez incomoda e a frágil sustentação dos pianissimis diminui a beleza das ornamentações. Apesar de não ser bela, a agilitá da cantora merece respeito, pois na leitura de Stacattos e cadenzas a cantora se sai muito bem.

Maria Callas compõe uma Lucia imbatível no drama e de invulgar qualidade no lirismo, poucas vezes vi o timbre de Callas mostrar tanta beleza quanto nessa gravação, e ainda que longe de sopranos como Netrebko, Fleming, Struder que possuem timbre maravilhosos, o timbre que a Maria Callas apresenta aqui é bem agradável. A coloratura apesar de não ser perfeita e cumprida com competência por Callas.

Um registro histórico ainda que com falhas na gravação completamente aceitáveis, já que o disco foi gravado em 1955, e que prima pela excelência dos interpretes e pela batuta do mitico maestro, Herbert Von Karajan.

Nota: 10 **********